Em um ambiente digital, existe uma notável diferença entre uma base de seguidores e uma base de fãs, por mais semelhantes que sejam os termos. Mas com a caçada pelo engajamento, mística “galinha dos ovos de ouro”, a superficialidade de uma base de seguidores tomou o protagonismo que deveria ser dos fãs reais. Nos prendemos a uma época onde aplicamos mídia em qualquer tipo de conteúdo, acumulamos interações momentâneas e apresentamos números pomposos em slides bem construídos para clientes sedentos por métricas no verde. Mas e o verdadeiro envolvimento com as marcas está incluso nisso?
Um ótimo exemplo de relacionamento espontâneo com os fãs é todo o universo Star Wars. Inclusive, recomendo o ótimo artigo da Priscila Queiroz que fala sobre a força dessa comunidade de fãs em específico. Muitas marcas dariam o seu reino para estar eternamente estampadas na vida das pessoas, das mais inimagináveis formas, assim como eles.
Sim, o trabalho de estabelecer o relacionamento correto com a sua base de fãs leva tempo, talvez mais do que você tenha paciência de esperar. E por mais que boa parte do sucesso esteja atrelado a qualidade do serviço em si, esse fator não pode levar todos os créditos. Você vai ter que oferecer aquilo que o público alvo procura, é claro: promoções, vagas de emprego, serviços acessíveis, qualidade no atendimento, whatever. Porém, mais do que isso, você vai ter que oferecer um motivo para ele comprar a ideia de que sua marca tem a razão de existir que nenhuma outra possui.
A velocidade com que a comunicação digital e, principalmente, o que se conhece em Social Media se modifica, faz com que as marcas experimentem muito todos os dias e acertem raramente. Aquelas que acertam e constroem uma comunidade de fãs são donas da fórmula mágica que termina no quociente famoso e batizado de engajamento. Você mesmo deve assinar as atualizações de páginas das quais é fã e nunca reparou nisso. É uma obviedade cristalina, mas nós seguimos, erroneamente, correndo atrás de apenas mais e mais números para encher tabelas, e levando no banco de trás a preocupação com o legado a longo prazo.
Quando um fã se relaciona com uma marca de forma espontânea, significa que ele encontrou ali um valor que buscava. Para isso, é preciso dizer ao seu fã algo que entregue o mesmo sentimento recebido por aquele cara que dormiu na fila de uma loja Nike e foi o primeiro no mundo a comprar a edição limitada de um Air Jordan que ele nunca vai tirar da estante. Isso vai muito além de linhas editoriais bem pensadas, textos com palavras-chave trabalhadas e imagens produzidas impecavelmente. O exercício que precisamos fazer aqui é entender o público alvo a fundo, concluir os valores que a marca possui e colocar tudo em um mesmo capítulo. E não é nada simples mesmo! Mas se fosse, todos os eletrônicos seriam Apple, todas as Prefeituras seriam a de Curitiba e todos os Humans seriam of New York.
O que precisamos fazer de uma vez por todas é compartilhar motivos reais para a existência das marcas e construir de vez essas comunidades de fãs que buscamos. Se você tiver um capital social que seja a bandeira dos seus fãs, nunca vai precisar se preocupar em falar mais. Pois sempre que você proferir as suas poucas e simples palavras, vai ter algo importante a dizer e seus fiéis escudeiros estarão atentos para ouvir.
Diego Gularte
Social Intelligence na AG2 Nurun
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